Uma foto minha vestido com o uniforme da Grifinória do Harry Potter

Willian JustenSoftware Engineer

Instrutor na Udemy, escrevo sobre o mundo front end, viagens, vida pessoal e mais.

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Valorize suas conquistas

O poder que valorizar nossas conquistas tem sobre nós.

Introdução

Nossa, quanto tempo que não apareço por aqui! Meu último post foi no ano retrasado falando exatamente como tinha sido o meu ano de 2021 e quebrei essa sequência não escrevendo sobre ano de 2022. E bom, não será hoje também que irei falar do meu 2022, mas posso dizer que foi um ano necessário para mim, que me trouxe muitas reflexões e que me fez valorizar muito mais as coisas que eu conquistei, sejam elas materiais ou não, inclusive é muito disso que quero falar hoje nesse post.

Já aviso que o post é sobre minha experiência pessoal e que não é um post de autoajuda/coach/o que você achar que seja, mas sim só um post de reflexão, que talvez possa te trazer algum valor. Inclusive, se você está passando por alguma dificuldade, recomendo fortemente que procure um profissional assim como eu.

Mas antes de começar, vamos ao que estou ouvindo enquanto escrevo esse post, como faço desde o meu primeiro post. A trilha de hoje é o album An evening with Silk Song que é um projeto do Bruno Mars com o Anderson.Paak, vale a pena ouvir demais, me foi indicado recentemente e curti bastante.

Por que escrever sobre isso?

A ideia desse post nasceu depois da minha primeira consulta com meu psicanalista semana passada. Foi uma conversa tão bacana, que me deu um ânimo legal de escrever que eu não tinha há muito tempo. Como era a primeira consulta, meio que existe aquele protocolo de explicar um pouco a razão de estar ali e conforme a conversa vai, você vai dando mais contextos, explicando mais sobre sua vida.

Minha trajetória (pode pular se quiser)

Não vou escrever muito, até porque daria um livro e não um post, mas só para dar um contexto para você que está lendo. Eu venho de uma origem bastante humilde, filho único de mãe solteira e que trabalhava como empregada doméstica para nos sustentar, chegamos a morar de favor por algumas vezes e ela fez o que podia e o que não podia para me dar uma boa educação (sim, ela é minha heroína e sempre será).

Fiz 4 anos de Química Industrial na Uff em Niterói e como não era de lá, também morei de favor num quarto que era tão pequeno que eu dormia encolhido porque o comprimento do quarto era menor que eu. Prestes a terminar a faculdade, eu tive uma enorme crise de pânico e de angústia, pois eu não me via mais naquela área, mas eu não podia desistir, pois já tinha sofrido tanto para chegar até ali. No final eu não aguentei, tranquei a faculdade, voltei para minha cidade natal e resolvi que iria estudar aquilo que eu realmente achava que era meu propósito, que era a programação. As vezes continuar algo só pelo "que já sofreu" não vale a pena, às vezes é melhor parar e seguir em frente e agradeço pela coragem que eu tive naquela época.

Na época que eu voltei para minha cidade, eu botei na cabeça que iria buscar qualquer trabalho que fosse "próximo" de computação, tanto porque eu precisava da grana para poder sustentar eu e minha mãe, mas também porque eu queria aprender mais de programação. E foi aí que eu fui virar professor de cursinho de informática, dando aula para criança, adolescente, idosos e ouvindo gritos de um patrão extremamente problemático. De lá, continuei estudando por fora, depois troquei por uma vaga de estagiário por R$ 300 numa agência de publicidade, que obviamente não iria dar para pagar minhas contas, mas eu fui mesmo assim e logo no segundo mês na cara e na coragem eu chamei o dono da agência e falei que se ele não me contratasse eu iria embora porque não tinha condições. Como eu tinha feito um trabalho mais do que o esperado, muito pela ajuda do que hoje virou meu melhor amigo Guilherme Louro, ele me contratou e esse foi o meu início como um programador de verdade.

Depois de lá eu passei por alguns lugares bem legais, incluindo a globo.com, que era um sonho incrível para mim. Nessa época eu já tinha esse mesmo blog e escrevia bastante, cheguei a palestrar e também contribuir com opensource, poderíamos dizer que eu já estava realizado, mas sempre tinha algo que me incomodava. Eu cheguei a sair da Globo para uma agência multinacional, mas lá eu tive um burnout por trabalho extremo e também porque precisei participar de reuniões em inglês e o desespero/ansiedade bateram muito forte já que eu achava meu inglês muito fraco.

Eu larguei essa agência, juntei todas as minhas economias e criei um curso sobre JS com TDD na época e com esse dinheiro, eu de novo fui na cara e na coragem morar na Irlanda para aprender o bendito inglês. Quando cheguei lá, descobri que meu inglês nem era tão ruim assim, o problema era a enorme cobrança que eu botava em mim. Claro que eu não falava fluentemente, mas já conseguia me comunicar e advinha! É isso que importa!

Depois de lá, eu voltei para o Brasil, mas já trabalhando no Core Team da Toptal, minha vida melhorou demais nesse tempo todo, tanto financeiramente quanto profissionalmente. Fiz várias outras coisas, fiquei na Toptal por quase 4 anos, passei um ano trabalhando só para mim num curso e hoje estou na Appcues.

Enfim, escrevi até mais do que eu queria dessa parte, mas isso tudo foi para mostrar que apesar de ter feito e conquistado tanta coisa, eu ainda sofro com esse problema de focar mais no negativo do que no positivo. E isso me faz perder muitas oportunidades de ser feliz.

Enxergue com melhores olhos

A razão de eu resolver procurar um psicanalista (terapia) é que eu sou uma pessoa muito ansiosa e que enfrenta depressão, isso prejudica muito minha vida e minha visão em relação as coisas. Eu sempre tive uma visão muito negativa das coisas, me cobrando muito, me comparando com outras pessoas e me sentindo muito mal por não conseguir fazer as coisas que eu queria (na perfeição que eu gostaria).

Ao falar disso na terapia, ele me pediu para falar um momento bastante recente que eu tivesse tido esse tipo de sentimento e eu falei para ele sobre minha viagem de 32 dias ao Japão. Era um sonho visitar o Japão, eu passei meses planejando e acabei indo no final do ano passado, mas eu tive um gosto meio "agridoce". Por mais que eu tenha curtido a experiência, tiveram dias que eu passei mal, outros que nem tive vontade de sair. E isso me deixou mal, com pensamentos como: "tanta gente queria estar no meu lugar, mas eu não estou aproveitando". E foi nessa conversa que ele me disse algo que me fez refletir bastante.

Você ficou mais de 1 mês lá. Em casa, quantas vezes você não passa mal por alguma comida ruim? Quantas vezes você não fica sem vontade de fazer nada? Pois então, por que seria diferente no Japão? Quando você começou a falar da viagem, disse "a primeira semana foi incrível" e só. Mas as partes "ruins" você falou bastante. Mas e essa primeira semana? Por que você não falou mais sobre ela? Por que você não valorizou mais o que você conquistou?

Sei que esse é um exemplo bem white people problems, mas ele me deu um click para um monte de coisas da minha vida e tenho certeza que muitas pessoas acabam realmente focando mais na parte ruim ao invés de valorizar as partes boas.

Tenha suas metas, mas valorize a jornada

Eu acredito que todo mundo tem que ter metas, mas eu acredito que muitas vezes as pessoas se esquecem de valorizar a jornada. Acho que a jornada é tão importante quanto a meta, pois é a jornada que te faz crescer, que te faz aprender, que te faz se tornar uma pessoa melhor.

Por mais longe que você esteja da sua meta, saiba que hoje você está mais perto do que ontem e amanhã estará mais perto que hoje. É uma frase clichê do caramba, mas é isso. Se cobre, mas também seja gentil com você mesmo, tente saber a hora que é para ir na cara e na coragem e a hora que é para se dar um tempo e descansar.

Amplie sua visão

Ali acima eu falo para ter metas, mas é importante também saber que metas te ajudam a se guiar, mas não te definem, é sempre bom ter uma visão mais ampla do que você quer para a sua vida. Porque se você só se focar em uma meta, das duas uma, ou você vai conseguir e vai ficar sem saber o que fazer da vida depois, ou você não vai conseguir e vai se sentir um fracasso.

E quando eu digo para ter uma visão do que quer da vida, não é para você começar a ter uma crise existencial agora, mas é para você ter uma ideia de onde você quer chegar. Por exemplo, você pode ser uma pessoa que quer formar uma família ou pode ser uma pessoa que quer viajar o mundo sozinha e tudo também pode mudar no meio do caminho, não tem problema nenhum. Esteja aberto para as mudanças e para as oportunidades que a vida te traz.

Conclusão

Eu sei que esse post ficou bem longo, mas eu queria muito escrever sobre isso, sempre tratei meu blog como um "cantinho para eu revisitar" e, esse com certeza vai ser um texto que eu vou querer ler quando estiver me sentindo mal. Talvez você possa ser mais um a ler esse texto comigo algumas vezes. E se você chegou até aqui, obrigado por ler até o final, espero que tenha gostado e que tenha te ajudado de alguma forma.

Eu adicionei uma seção para comentários logo ali abaixo, então se você quiser deixar algum relato seu ou qualquer palavra para mim e/ou outras pessoas que passem por aqui, fique a vontade.