Uma foto minha vestido com o uniforme da Grifinória do Harry Potter

Willian JustenSoftware Engineer

Instrutor na Udemy, escrevo sobre o mundo front end, viagens, vida pessoal e mais.

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Burnout dura mais que você imagina!

A gente pensa que aparece do nada e depois vai melhorar rápido e não é bem assim.

Introdução

Olá pessoal, hoje eu quero escrever algo bastante pessoal aqui, que é sobre o burnout (esgotamento mental) que eu tive em meados de 2021 e tudo que veio com ele depois disso também. Inclusive, para quem me segue e lê os posts aqui, notou que o ano inteiro de 2022 eu simplesmente não escrevi nada. Eu fiz um post sobre o meu 2021 e sumi. Inclusive quebrei a "corrente" que eu fazia de escrever sobre o meu ano todos os anos.

Eu não escrevi nada pois eu estava em um processo de recuperação e te falar que mesmo mais de 1 ano depois, eu ainda não estou 100%. E é sobre isso que eu quero falar hoje.

Enquanto vou escrevendo, vou ouvindo esse excelente álbum do Lowswimmer, é um artista incrível, que fez parcerias com artistas que gosto muito, como a banda Novo Amor, que eu inclusive recomendei no post anterior.

O que é burnout?

Antes de falar sobre o meu caso, eu quero falar um pouco sobre o que é o burnout. O burnout é um esgotamento mental, que pode ser causado por diversos fatores, como excesso de trabalho, excesso de estudo, excesso de responsabilidades, etc.

O burnout é algo que vai se acumulando, e quando você percebe, você já está nele. E é muito difícil sair dele, pois você precisa mudar a sua rotina, mudar a sua forma de pensar, mudar a sua forma de agir e o mais importante de tudo:

Ter empatia com você mesmo.

Eu não vou falar muito sobre o que é o burnout, pois existem diversos artigos e vídeos sobre isso, mas eu quero falar sobre como foi o meu caso.

O que aconteceu comigo?

Para explicar o meu caso, eu preciso explicar um pouco da minha personalidade, não vou aprofundar em traumas nem nada, porque aí esse post seria um livro. Mas explicando de forma simplificada, eu sou uma pessoa que se cobra demais em qualquer aspecto, além disso, eu me preocupo demais com o que os outros vão pensar/achar de mim. Com toda essa cobrança e ansiedade, é claro que eu acabo sendo uma pequena bomba relógio prestes a explodir.

Em 2021 nós ainda estávamos na pandemia e apesar de eu já trabalhar remoto há muitos anos, eu também fui afetado, só que de formas um pouco diferentes. A primeira é claro, o confinamento não é legal para ninguém, uma coisa é você ficar em casa porque gosta, outra é você ser obrigado a ficar em casa, pois é perigoso ir a rua.

Eu também enfrento depressão e a forma que eu melhor lido são com viagens, é onde eu consigo (nem sempre) esvaziar um pouco a cabeça das pressões e preocupações que eu mesmo coloco em mim. E em 2021 eu não pude viajar, isso me afetou terrivelmente, pois eu não tinha mais uma válvula de escape. Sei que é super "white people problems" isso, mas foi a forma que aprendi, tanto que eu praticamento não tenho luxos, exatamente para poder viajar mais.

Além disso, eu tinha acabado meu curso de React Avançado que foi massivo e consequentemente bastante cansativo. Tinham dias que eu acordava super cedo para gravar e parava só 1-2h da manhã. Pouco tempo depois do curso, eu fui trabalhar numa empresa e bom, como uma pessoa que se cobra demais, não seria diferente. O processo de entrar numa empresa nova causa ansiedade e é normal, são pessoas novas, cultura nova, processos novos, etc. E eu estava lá, tentando me adaptar a tudo isso, enquanto ainda estava com a cabeça cheia de preocupações e pressões que eu mesmo colocava em mim.

Consegue ver que eu já estava no processo da "bomba explodir"? Só que normalmente a gente não vê isso, a gente só acha que tá um pouco cansado, mas que é okay, que só dormir um pouco melhor e vai ficar tudo bem. E é aí que a gente se engana, nesse momento você já tá vivendo o burnout e não sabe.

O burnout vem antes do "burnout"

Eu não sei se existe um nome para isso, mas eu chamo de "pré-burnout", é quando você já está no processo de burnout, mas ainda não chegou "lá". E é nesse momento que você precisa parar e pensar sobre o que está acontecendo, pois se você não fizer isso, você vai chegar no burnout e aí sim, vai ser difícil sair dele. E é exatamente isso que aconteceu comigo. Eu estava no processo de burnout, mas não parei para pensar sobre isso, eu só continuei, continuei, continuei, até que eu não aguentei mais.

No primeiro momento que você sentir que está mal, pare e pense sobre isso! Não deixe para depois, pois depois pode ser tarde demais.

O momento do burnout

Meu burnout veio num dia que eu acordei e comecei a sentir um aperto forte no peito e falta de ar, exatamente porque eu precisava trabalhar e apresentar "sei lá o quê". Apesar de todo o apoio das pessoas da empresa, ter tido conversas com o CTO e o CEO sobre o que estava acontecendo, eles ofereceram para eu ficar umas semanas parado descansando. Eu não conseguia mais, eu não conseguia mais trabalhar, eu não conseguia mais fazer nada, eu só queria ficar deitado na cama e não fazer nada.

Praticamente nas mesmas semanas eu tive o término do meu noivado, que foi outra coisa que eu na época não esperava, apesar de hoje conseguir ver vários e vários sinais, mas é claro, ninguém espera isso, ainda mais num momento já tão debilitado.

Momento de aceitação e recuperação

Logo após tudo isso, as fronteiras começaram a abrir e eu resolvi de última hora ir para Vancouver ajudar um amigo na mudança dele e como ele precisava fazer 14 dias de quarentena, eu também passei 15 dias em NY. Foi uma viagem incrível, eu ainda não estava 100%, estava me recuperando, mas foi uma viagem que me ajudou bastante. Eu consegui esvaziar a cabeça, consegui pensar sobre tudo que estava acontecendo e consegui aceitar tudo que estava acontecendo.

Quando voltei da viagem, também resolvi que iria dar uma pausa em toda criação de conteúdo e fiz um post bem rapidinho nas minhas redes sobre isso:

Um post no LinkedIn dizendo: "Hoje avisei meus alunos que irei parar indefinidamente de criar conteúdos. Apesar de eu gostar muito, estava me gerando uma ansiedade muito grande que não me fazia bem.

Eu entendi que precisava dar um tempo em tudo que eu me cobrava e que me gerava ansiedade, e isso incluía a criação de conteúdo. Eu não sabia quando eu voltaria (e se voltaria), mas eu sabia que precisava de um tempo para mim.

Entrada na Appcues

Como eu não podia/queria ficar simplesmente sem fazer nada, já que o ócio também me gera ansiedade, eu resolvi aplicar para algumas vagas para "dev normal", pois eu não queria trabalhar com liderança naquele momento e muito menos com coisas relacionadas a conteúdo. Eu queria ser só um dev normal, que trabalha, recebe seu salário e descansa no tempo livre. E foi exatamente isso que eu fiz, apliquei para algumas vagas, passei em praticamente tudo que tentei (é...o mercado ainda tava "fácil"), e acabei entrando na Appcues, uma empresa incrível, com pessoas incríveis e que me ajudaram muito nesse processo de recuperação (mesmo sem elas saberem).

Eu entrei na Appcues como Senior Frontend Engineer, e foi uma das melhores decisões que eu tomei. Eu consegui me recuperar, consegui me sentir bem novamente, consegui me sentir útil novamente. Pouco tempo depois eu acabei sendo "promovido" para Tech Lead no meu time e mais recentemente eu fui promovido para Staff Engineer, continuando na path de IC (Individual Contributor), que é mais ligada a parte técnica que gestão.

Retorno a criação de conteúdo e feedbacks

No início desse eu "ensaiei" um retorno, escrevendo sobre valorize suas conquistas, onde comentava sobre minha ida a terapia, mas apesar do bom feedback do pessoal, ainda me sentia muito nervoso/ansioso em escrever, não é algo racional, mas é algo que eu sentia. Então eu resolvi esperar mais um pouco, até que eu me sentisse mais confortável em escrever novamente.

Foi assim que eu voltei a escrever outros posts em Julho e Agosto, todos mais "filosóficos", falando sobre feito é melhor que perfeito, estar tudo bem não fazer nada e mude, mas comece devagar.

Não teve nenhum post técnico, mas para mim foram posts bem importantes, inclusive quando estive no Frontin Sampa, algumas pessoas vieram falar comigo sobre esses posts e como eles ajudaram elas. E isso é muito importante para mim, pois escrevo essas coisas muito para mim, mas saber que eu ajudei alguém no processo, me deixa muito feliz.

Regravação do React Avançado

Recentemente eu resolvi regravar alguns pedaços do meu curso de React Avançado, pois muita coisa mudou e muitos alunos pediam ajuda. Já consegui regravar cerca de 6h, contemplando a criação do boilerplate e também todo o setup do Strapi na v4.

E aí fiz alguns posts nas redes sociais e a galera comentando feliz que eu estava retornando me deixou bastante feliz. Eu não sei se vou voltar a gravar cursos e muita coisa nova, mas aos pouquinhos vamos vendo, posso dizer que o pior já passou do burnout, mas não foi fácil, já são quase 2 anos e eu diria que ainda não estou 100%.

Conclusão

Eu não sei se esse post vai ajudar alguém, mas eu precisava escrever sobre isso, pois é algo que eu ainda estou passando e que eu ainda estou me recuperando (quase lá). Também é uma forma de agradecimento para as várias mensagens que recebi de pessoas dizendo que estavam com saudades dos meus conteúdos =)